
01 · LASCAUX
Lascaux é um complexo de cavernas localizado no sudoeste de França, conhecido pelas suas pinturas rupestres, que perpetuam uma memória pré-histórica com cerca de 17.000 anos.
Representando alguns dos mais antigos exemplares de obras de arte do mundo, estas pinturas de animais como: bovídeos, cavalos, cervos, felinos, etc., realizadas sobre rochas, foram descobertas em 1942 e classificadas como um dos monumentos históricos de França, sendo incluídas em 1979 no Património Mundial da UNESCO.
02 · RENASCIMENTO
Renascimento ou Renascença são termos utilizados para identificar o período da História da Europa compreendido, aproximadamente, entre o século XIV e princípios do século XVII. Este período, caracterizado por transformações profundas em múltiplas áreas, situa-se entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.
A Primavera (1482), Sandro Botticelli
O Renascimento apresenta-se como uma redescoberta e revalorização da herança cultural da antiguidade clássica, na medida em que as mudanças artísticas ocorridas neste período se direcionam no sentido de um ideal humanista e naturalista.
Manifestando-se em primeiro lugar na região italiana da Toscana, e tendo como principais centros de difusão as cidades de Florença e Siena, o Renascimento divulgou-se por todo o resto da península itálica e depois por grande parte dos países da Europa ocidental. Todavia, a Itália permaneceu sempre como o país onde o movimento assumiu uma maior expressão cultural, não obstante outras manifestações renascentistas de grande importância terem também surgido na Inglaterra, na Alemanha, nos Países Baixos e, menos intensamente, em Espanha e Portugal.
03 · SURREALISMO
Tendo surgido em França, na década de 1920, o Surrealismo apresenta-se como um movimento plástico/literário com expressão estética também na música e em outras áreas do conhecimento.
O Carnaval do Arlequim (1924), Joan Miró
Um dos marcos históricos do início deste movimento foi a publicação do Manifesto Surrealista de André Breton, em 1924. De acordo com este autor, o propósito deste manifesto é "resolver a contradição (...) entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma suprarrealidade".
O Surrealismo surge assim como uma filosofia de pensamento que valoriza o mundo onírico, o irracional, o inconsciente, e a exploração do imaginário, do maravilhoso, do fantástico. Com esta liberdade de expressão os artistas ligados ao surrealismo criaram obras repletas de poesia, de humor, de utopia, e de qualquer informação prisioneira de lógicas preestabelecidas.
Breton define o Surrealismo como sendo um "automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o funcionamento real do pensamento".
Entre os artistas que, no âmbito do Surrealismo, mais se destacaram surge: o russo Marc Chagall, os espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, e os portugueses Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas.
André Breton (Tinchebray, Orne, 1896 - Paris, 1966)
Escritor e poeta francês, André Breton foi um teórico do Surrealismo, tendo publicado em 1924 o Primeiro Manifesto Surrealista. A difusão deste texto programático colocou em questão conceitos estéticos estabelecidos, e contribuiu para que o Surrealismo se tenha tornado um movimento europeu alargado, abrangendo todos os domínios da arte. Neste âmbito, autores há que consideram ter tido Breton um papel decisivo para fazer do Surrealismo o encontro da temporalidade do mundo, com valores eternos como os do amor, da liberdade e da poesia.
Marc Chagall (Vitebsk, Bielorrúsia 1887 - Saint-Paul de Vence, França 1985)
Pintor, gravador e vitralista bielorusso, Marc Chagall foi um dos maiores artistas surrealistas do séc. XX. Sendo autor de obras em que se destaca a fantasia, Chagall desenvolveu temas centrados em recordações de infância, contos, histórias, lendas judaicas e cristãs, e temas centrados na arte popular russa. Em muitos dos seus trabalhos ao criar uma atmosfera em que impera a imaginação, em detrimento de regras de representação em perspetiva, surgem por vezes seres e objetos como que a flutuar no ar. Para além da pintura e de outras formas de expressão, Chagall ilustrou a Bíblia e as Fábulas de la Fontaine.
Salvador Dali (Figueres, Espanha, 1904 - Figueres, 1989)
Natural da Catalunha, Salvador Dali foi um importante pintor surrealista. As suas obras criam enorme impacto visual pela surpreendente combinação de figuras fantásticas, oníricas, metafísicas.
Tendo recebido influências dos mestres renascentistas, Dali revela uma extraordinária qualidade plástica. A Persistência da Memória, de 1931, é a sua obra mais conhecida.
Para além da pintura e da escultura, Salvador Dalí desenvolveu, também, trabalhos no domínio da escultura, da fotografia e do cinema, neste caso em parceria com Walt Disney e Alfred Hitchcock.
Joan Miró (Barcelona, 1893 - Palma de Maiorca, 1983)
Igualmente natural da Catalunha, Juan Miró foi também um relevante pintor e escultor surrealista, e um dos mais prestigiados artistas do séc. XX. No início dos anos 20 conheceu um dos maiores impulsionadores do Movimento Surrealista: André Breton.
Participou na Primeira Exposição Surrealista em 1925. A partir de 1944, realizou também projetos em cerâmica e escultura. Nas suas obras, principalmente nas Esculturas-Objeto, justapôs múltiplas formas e materiais inutilizados, desenvolvendo um imaginário criativo e surpreendente. Na pintura usou de forma muito expressiva pontos, linhas e alguns símbolos.
René Magritte (Lessines, Bélgica, 1898 - Bruxelas, 1967)
De origem belga, René Magritte foi um dos maiores pintores surrealistas. As suas obras, mediante a conjugação de objetos comuns e símbolos recorrentes - tais como o chapéu de coco, o castelo, a rocha e a janela - apresentam-se como metáforas de uma realidade insólita, sedutora e transcendente.
Mário Cesariny (Lisboa, 1923 - Lisboa, 2006)
Pintor e poeta, Mário Cesariny é considerado um dos principais representantes do Surrealismo português.
A sua atividade estética carateriza-se pela constante experimentação plástica, tendo utililizado uma técnica muito difundida entre os autores surrealistas: o Cadáver Esquisito.
Cesariny desenvolveu, também, uma enorme variedade de ações de transformação do real quotidiano, das quais nasceram múltiplas colagens, objetos e instalações.
Cruzeiro Seixas (Amadora, 1920 - Lisboa, 2020).
Sendo um dos mais brilhantes representantes da Pintura Surrealista em Portugal, Cruzeiro Seixas foi amigo de Mário Cesariny integrando, com este último, o designado Grupo Surrealista de Lisboa.
Pintor, escultor, ilustrador e poeta, Cruzeiro Seixas, mediante uma imagética invulgar, criou composições que enfatizam o valor do onírico. Considerando ele próprio que os Objetos que realizou - designadamente
L' Opresseur, composto por um cubo branco, uma esfera preta, uma velha torneira e uma pluma - são o melhor da sua obra, Cruzeiro Seixas expressou, também, o seu pensamento visual, em múltiplos cadáveres esquisitos, em colaboração com autores como Mário Cesariny.
A seu respeito diz Sarane Alexandrian:
Em seus poemas, Cruzeiro Seixas é pintor, ele faz ver o que ele diz; em suas pinturas ele é poeta, suas imagens despertam no espírito analogias verbais. Seus desenhos são poesia visível; seus poemas em prosa, (...), são quadros animados.
04 · CRIATIVIDADE
“A criatividade é um conceito associado a diferentes atributos como a novidade, a originalidade, a variedade, a espontaneidade, a curiosidade, a imaginação, a facilidade de ver e entender as coisas, a descoberta e a invenção.”
Parrat-Dayan, (2001)
“Criatividade, num sentido restrito, diz respeito às habilidades, que são características dos indivíduos criadores, como fluência, flexibilidade, originalidade e pensamento divergente, relacionando o processo aos factores e variáveis isoladas e avaliadas.”
Guilford, (Apud Novais, 1977)
“Criatividade é um processo que torna alguém sensível aos problemas, deficiências, hiatos ou lacunas nos conhecimentos, e o leva a identificar dificuldades, procurar soluções, fazer especulações ou formular hipóteses, testar e retestar essas hipóteses, possivelmente modificando-as, e a comunicar os resultados.”
Guilford, (Apud Novais, 1977)
“A criatividade é um processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva.”
Ghiselin, (1952)
“Para que uma ideia seja criativa ela deve ser interessante e não apenas nova, incluindo, portanto, julgamento de valor por parte de quem avalia, além da presença de combinações incomuns e inesperadas, tanto de ideias como de objetos.”
Boden, (1999)
“O termo pensamento criativo tem duas características fundamentais, a saber: é autónomo e é dirigido para a produção de uma nova forma.”
Suchuman, (1981)
”Pessoa que não exercita a criatividade acaba por ser uma pessoa incompleta, cujo pensamento não consegue defrontar os problemas que se lhe apresentam.”
Munari, (1981)